segunda-feira, 16 de julho de 2012

Ecorche com Alex Oliver


A ADS está trazendo pra SP o mestre do desenho e da escultura ALEX OLIVER (discovery, Blizzard, etc).

O cara vai dar um curso intensivo de desenho, escultura em clay e Zbrush dos dia 10 ao dia 14/09 em Santo André - SP



Aguardamos vocês aqui

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Designer de Games - A Profissão do futuro


Matéria publicada na revista EGW - número 107 

Por Antônio Marcelo

Uma das coisas mais curiosas na área de games em geral é o desconhecimento generalizado no que diz respeito à complexidade de se fazer um bom jogo. Por mais trivial que seja, se nos empenharmos em criar um novo título, seja para celular ou seja para console, existe uma fase que para muitos é totalmente desconhecida ou relegada a um segundo plano: o game design.

Mas que diabos é um game design? É a parte gráfica? É a programação? O que é isso, afinal? Bom, vamos por partes.

Projetar um jogo para as pessoas se divertirem não é uma tarefa muito fácil. Combinar os elementos que formam um sistema para que ele possa cumprir sua tarefa de maneira esperada é uma missão árdua.

Game design é a técnica de criar um jogo observando aspectos como jogabilidade, mecânica e divertimento. Além disso, é preciso desenhar diversas facetas de seu funcionamento. Mas é aí que surge uma outra pergunta: o que é um jogo?

Johan Huizinga, filósofo holândes, autor do livro Homo Ludens, considerado a obra teórica fundamental dos jogos, diz o seguinte: "Jogo é uma atividade voluntária exercida dentro de determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente de vida cotidiana."

O QUE É UM JOGO?


Um jogo pode ser qualquer tipo de competição em que regras são feitas ou criadas num ambiente restrito ou até mesmo de imediato, diferentes ao esporte, cuja as regras são universais. Geralmente, os jogos possuem regras simples, mas existem casos, como simulações, em que existe uma riqueza de detalhes extensa. É possível envolver um ou mais jogadores atuando cooperativamente ou realizando algum tipo de disputa.

Em sua ampla maioria, os jogos são disputados como uma forma de lazer, sem que os participantes enfoquem na competição condições de vitória como um ponto essencial.
Antônio Marcelo: profissão de game designer se firmará no Brasil
Podemos dividir os jogos em analógicos e eletrônicos. Dentro dos analógicos, podemos citar os jogos de mesa ou tabuleiro (enquadramos nesse conceito os RPGs) e os de cartas (cardgames). Já dentro dos eletrônicos, podemos citar os videogames (consoles), jogos para computador, para dispositivos móveis (celulares, PADs) e para rede (MMORPGsgames sociais).

Para cada um desses perfis, temos uma filosofia de design específico, em que técnicas e processos são utilizados na sua criação. Obviamente, existe um indivíduo responsável por todo este processo de criação e orientação de um projeto de jogo. E é aí que entra o designer de jogos.

UM ILUSTRE DESCONHECIDO


Ser um designer de jogos é uma tarefa que requer muitas qualidades, encontradas em poucos indivíduos. Tecnicamente falando, ele é o indivíduo que visualiza um jogo numa situação real, desenvolve as regras, estipula os objetivos, os procedimentos necessários para o desenrolar da ação, cria o universo, a mecânica do jogo e faz toda a estrutura para que os jogadores fiquem envolvidos no seu produto.

Antes de tudo, ele é um indivíduo criativo, dinâmico, com uma ampla experiência em jogos e capaz de ver literalmente pelos olhos do jogador. Esta característica de "ver pelos olhos de um jogador" é decisiva para os designers terem sucesso em suas empreitadas. A principal razão de sua existência é o jogador, por isso, sempre, mas sempre mesmo, deve-se pensar no jogador quando se cria alguma coisa.

No Brasil, existem exemplos de bons game designers que são desconhecidos do grande público. Veja alguns dos pioneiros:
André Zatz, Mário Seabra, Sergio Halaban, Luiz Dal Monte Neto
Mário Seabra - Publicitário, é um dos mais importantes game designers do país. Basta dizer que em seu currículo temos a criação dos jogos War e Eleições. Ele trabalhou para empresas como Grow, Toyster e Copag. Também foi um dos responsáveis pelo projeto Todos os Jogos, da editora Abril, que foi um bestseller na década de 1970.
Luiz Dal Monte Neto - Arquiteto e game designer, trabalhou na Grow e na Toyste, além de escrever para a revista Super Interessante uma coluna sobre jogos.
Sérgio Halaban e André Zatz - Dois nomes de peso do cenário nacional de jogos. Sérgio é engenheiro e André é jornalista, mas ambos são designers profissionais, com jogos publicados no exterior. Eles representam a nova geração de designers brasileiros e criaram projetos como o Jogo da Fronteira e Riquezas do Sultão.
Renato Degiovanni - Foi o primeiro designer de jogos eletrônicos brasileiro a criar e produzir profissionalmente games de computador em língua portuguesa, no início da década de 1980. Ficou conhecido com o jogo Amazônia e seus artigos técnicos da primeira revista brasileira de microcomputadores, a Micro Sistemas, onde mais tarde se tornou diretor-técnico.

O FUTURO DO GAME DESIGN


Muita gente não conhece esse pessoal, mas eles contribuíram sobremaneira para o mercado do design brasileiro de jogos. Muitos produtos que hoje se encontram nas estantes das lojas e até mesmo na web, são fruto dos trabalhos destes pioneiros.

Os caminhos que eles criaram hoje florescem com a web. Com a avalanche de informações vindas da internet e a facilidade de comunicação entre os profissionais, estamos iniciando um novo período do design de jogos nacional. A cultura lúdica de nosso país ainda está bem atrasada, pois jogamos títulos com mais de 30 anos de mercado, como Monopoly/Banco Imobiliário e War, mas o cenário está começando a se modificar.

Um outro ponto importante é que os jogos eletrônicos estão começando a se tornar uma ferramenta de propagação do design de jogos nacionais. Isto começa a ser visto pela quantidade de produtos brasileiros que estão entrando em lojas online, como as da Apple do Android. O brasileiro está começando a entrar neste mercado timidamente, mas a profissão do designer de jogos começa a se tornar uma realidade. Hoje, muitas instituições de ensino começam a montar seus cursos superiores ou técnicos nesta área e os profissionais começam a ser moldados e preparados para um mercado que está nascendo.

Contudo, o game design no Brasil ainda é uma atividade muito precária, já que nenhum grande estúdio de jogos ainda se estabeleceu aqui de maneira a explorar esta mão de obra. Muitos dos projetos daqui ainda são feitos por inicativas pessoais e totalmente indies.

Apesar disso tudo, existe sim uma grande luz no fim do túnel, já que temos uma participação cada vez maior no mercado de dispositivos móveis por parte de nosso país. Acreditamos que nos próximos anos a profissão se firmará e passaremos a ter uma fatia importante deste mercado e o designer de jogos será um profissional valioso e extremamente requisitado.


Antônio Marcelo é fundador da Riachuelo Games (riachuelogames.com.br) e já escreveu 14 livros na área de TI e Design de Jogos. É professor do NAVE, parceria entre Oi Futuro e o Governo do Estado do RJ, nas cadeiras de Cultura de Jogos e Oficina de Jogos. Atualmente desenvolve jogos para Android, netbooks e tabuleiro.